quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Diário da Fenix - Parte 1

O usuário Fênix (codinome) inicia aqui a sua série de postagens nas quais apresentará seu diário pessoal. Os capítulos de sua história serão divididos em partes, contendo suas impressões e pensamentos. Abaixo, a primeira parte, que aborda seus sentimentos diante do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) :

Dia 05/03/1990, estou na sala de aula, último ano do colegial, a aula começa, quando olho para o livro sinto um desespero pois não consigo ler, a situação piora pois acabo tendo uma estafa mental muito forte e ao mesmo tempo começa aparecer dentro da minha mente pensamento, rituais de repassar tudo o que sei determinado número de vezes.

Mas o pior é que nunca acaba o pensamento, uma força incontrolável começa agir dentro do meu cérebro, não possuo o controle destes pensamentos, as manias, rituais e pensamentos vêm com toda força e a única coisa que posso fazer para aliviar esta pressão é fazer o que o cérebro quer, o que por um lado prova um alívio temporário, por outro me causa uma cansaço mental muito grande pois o cérebro sente a necessidade de repassar tudo o que sei várias e várias vezes levando a um cansaço mental extremo que só termina quando o cérebro consegue fazer o que a doença quer, manter um controle sem lógica, mas que satisfaz a vontade da doença.

Este problema de saber tudo o que sei é acompanhado de pensamentos de que, se eu não fizer o que a doença quer, vai acontecer alguma coisa negativa sem lógica comigo ou com uma pessoa perto de mim. A doença é extremamente agressiva pois não sei o que ela é, de onde veio e porque sinto a necessidade de fazer estes pensamentos sem lógica. O que sinto é como se eu estivesse fora da realidade, pois somente eu vejo um mundo diferente dentro do meu cérebro, paralelo ao mundo de forma, onde tento disfarçar os sintomas da doença já que é constrangedor fazer o que pedem estes pensamentos, mas sou obrigado a fazer, a manter o controle de tudo o que sei sem uma lógica que explique essa obsessão compulsiva de fazer determinado número de vezes cada mania. Cada pensamento que a parece do nada na minha mente, o que para outras pessoas não passaria de uma bobagem sem sentido, para mim é totalmente real, e que apesar de não ter sentido nenhum, me faz acreditar totalmente no que se passa dentro do meu cérebro.

Com isso, tudo o que eu fazia de normal como estudar, pensar, falar... tudo se torna um inferno pois tenho que repassar, fazer, repetir, falar em voz alta ou fazer alguma coisa inúmeras vezes sem descanso, sem paz, apenas sou obrigado a fazer sem questionar o porque disto, sinto o cérebro entrar em um turbilhão de pensamento sem controle, meus pais tentam fazer eu parar, mas em vão pois para a doença não tem fim, somente que por uma sorte eu consiga satisfazer o desejo da doença, o que me atrapalha a viver uma vida normal, me fazendo levar mais tempo para fazer coisas como ler, estudar, tomar banho, escovar os dentes, pensar se torne totalmente cansativo, pois sou obrigado a manter a perfeição do número de vezes que faço cada uma destas s coisas, um erro, um descuido, sou levado a fazer tudo de novo ou até começar um novo ritual.

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